Segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS), realizaram-se nos cuidados primários 300 mil testes para a infeção por VIH, o que corresponde a um aumento de 31% relativamente ao ano anterior. Também as organizações não-governamentais e de base comunitária contribuíram para o aumento dos rastreios, tendo efetuado 25.000.
Quanto aos testes de rastreio às hepatites B e C, subiram 10% no ano passado, chegando aos 477.500 e 382.000, respetivamente.
O responsável pelo Programa Nacional para as Hepatites Virais, Rui Tato Marinho, enalteceu este aumento e destacou que um dos intuitos deste programa era precisamente o aumento do número de testes. O responsável apelou ainda à população a procurar estes testes “pelo menos uma vez na vida, mesmo sem sintomas”.
“Uma gota de sangue permite identificar pessoas em fases iniciais destas doenças, que são assintomáticas”, afirmou o responsável. Hoje em dia, as pessoas estão mais sensibilizadas para a testagem e por “procurar saber o que têm, pois nos testes covid-19 foram feitos 40 milhões”.
Tato Marinho diz que o objetivo é tratar cerca de 2.500 pessoas com hepatite C até final deste ano. Desde 2015, os dados oficiais indicam que já foram tratadas 30.000 pessoas.
“Estes dados confirmam o esforço de manter a resposta de rastreio e diagnóstico destas infeções, num ano ainda fortemente afetado pela pandemia de covid-19”, refere uma nota da DGS.
“Desde a catástrofe do consumo de drogas, nos anos 80, o país organizou-se muito bem e, neste momento, há muita gente no terreno de apoio às populações mais vulneráveis, onde há uma percentagem grande de pessoas com hepatites, nomeadamente hepatite C”, disse Rui Tato Marinho.
Ainda assim, Tato Marinho sublinhou que é necessário chegar à população em geral. “Não se pode pensar que o risco é só ter consumido drogas ou ter relações sexuais… o risco é estar vivo”, disse
“É transversal a qualquer profissão, a qualquer grupo etário (…). Estamos a lidar com doenças silenciosas e a única forma de diagnosticar é fazer o teste. Uma gota permite identificar três vírus que, neste momento, têm vacina e tratamento com cura a 100%. E o VIH também é supercontrolável”, acrescentou.
Explicou ainda que este ano é provável que a Hepatite C “aumente um pouco” e disse estar a tentar melhorar o circuito de aprovação do medicamento e acesso à medicação, “que estava muito burocrático”. “A ideia é, que o médico passa o medicamento para a Hepatite C, a pessoa poder levar logo para casa nesse dia, evitando ter de ir a uma nova consulta”, acrescentou.
Estes dados foram revelados no âmbito da Semana Europeia do Teste da Primavera de 2022 com o objetivo de promover a consciencialização sobre as vantagens de um diagnóstico precoce de infeções sexualmente transmissíveis, hepatites e VIH.