Alguns portugueses, por convicção ou porque se sentem afetados pela subida dos preços, acreditam que o investimento estrangeiro já chegou ao seu pico e que os preços não vão subir mais. Na minha opinião, e como já vi em outros países como na Espanha, França, Grécia e Itália esta tendência é estrutural e veio para ficar!

Mas a meu ver é necessário em primeira linha esclarecer o que realmente atraí os estrangeiros de investir em Portugal, e que por sua vez por vezes nós em Portugal não damos suficiente valor, ou simplesmente vamos pelo pressuposto que é normal. O país oferece várias vantagens: clima ameno, segurança, estabilidade econômica, custo de vida mais baixo comparado a outros países da Europa e proximidade com as principais capitais europeias, seja em termos de tempo ou de custo. Por exemplo, muitos estrangeiros que vem investir em Portugal, estão à procura de um estilo de vida semelhante ao que têm ou melhor do que a vida em sociedades muito agitadas, sem as tensões sociais, e com um custo de vida bem mais baixo, especialmente em saúde e outros serviços e um clima ameno.

Embora esses fatores não sejam novos, a globalização ainda trouxe outros efeitos e razões para este fenómeno como por exemplo o trabalho remoto e as nossas infraestruturas de conectividade das redes de internet. Nem todos os países oferecem 4G ou 5G gratuito num café ou bar a beira-mar. Tudo isto e muito mais são fatores cruciais que, na minha opinião, são parte de um mundo novo e ao qual nos temos que habituar.

O fim do regime de Residentes Não Habitual (RNH) e do Visto sobre Investimento Imobiliário podem ter diminuído um pouco a entrada de estrangeiros com poder de compra acima da média, pois existem outras alternativas no espectro europeu para tal. No entanto, a meu ver a tendência continua, e o aumento dos preços dos imóveis e mesmo para este ano vai continuar.

Portugal oferece um paradoxo único para os investidores imobiliários: apesar dos processos municipais frequentemente lentos, que podem ser desafiadores, essa mesma característica ajuda a evitar o sobreaquecimento do mercado. O ritmo lento da burocracia significa que a implantação rápida de grandes investimentos é quase impossível, o que, por sua vez, impede que o mercado se transforme rapidamente.

Há que ache que já atingimos o limite de valorização, comparando a nossa capital de forma menos atraente em comparação com cidades como Milão e Madrid. Mas eu pergunto-me qual é a medida de comparação que serve esta desconfiança na valorização de Lisboa perante os outros? É verdade que os preços em Lisboa e Cascais cresceram bastante após a pandemia e agora estão mais próximos dos de Madrid, mas os motivos para essa valorização são diferentes. Lisboa e Porto têm uma atração única com a sua proximidade à praia, clima ameno, tranquilidade e segurança, que outras cidades europeias não oferecem. Além disso, a falta de oferta no segmento "premium" faz de Portugal um mercado especial e pouco comparável com outras cidades europeias, explicando a valorização mais acentuada dos últimos anos.

Esta taxa de crescimento mais lenta pode ser frustrante, uma vez que dificulta a velocidade a que o mercado pode expandir-se. No entanto, quando as pressões econômicas aumentam, o gradualismo inerente ao mercado atua como um amortecedor, provocando um ambiente mais estável e menos volátil. Isto tem-se verificado ultimamente, onde, ao contrário de outras regiões que registam graves recessões, Portugal tem mantido uma relativa estabilidade. Além disso, o consenso das discussões sugeriu que Portugal está mais bem preparado agora do que em crises passadas, apresentando fundamentos económicos mais fortes e uma estrutura de mercado mais resiliente. Essa preparação aumenta a confiança dos investidores, mesmo em meio a incertezas globais.

Acredito firmemente que investir em imóveis em Portugal continua a ser uma decisão financeira sensata, tanto a curto quanto a longo prazo, devido às vantagens competitivas estruturais do país. No entanto, é essencial realizar uma análise detalhada dos investimentos e escolher propriedades com alto potencial de valorização. Mesmo em um mercado em crescimento, alguns imóveis podem não desempenhar tão bem quanto outros.

Portanto, para quem ainda tem dúvidas, posso afirmar com confiança que investir em imobiliário em Portugal é uma excelente escolha. Com base nas observações e análises recentes, não parece que essa tendência vá mudar em breve. Pelo contrário, o investimento em imóveis deve se tornar ainda mais lucrativo nos próximos tempos.


Author

Paulo Lopes is a multi-talent Portuguese citizen who made his Master of Economics in Switzerland and studied law at Lusófona in Lisbon - CEO of Casaiberia in Lisbon and Algarve.

Paulo Lopes