“O Time Out Market é um conceito que valoriza e celebra o melhor do Porto e estamos muito entusiasmados em abrir suas portas em breve. Selecionamos chefs premiados, restaurantes renomados e alguns tesouros locais - todos os quais representam a incrível cena gastronômica do Porto
.“Nós os reunimos em um espaço único, reformado por Souto de Moura, um dos maiores nomes da arquitetura nacional. Estamos empenhados em fazer do Time Out Market Porto um novo centro gastronómico e cultural na cidade e uma mais-valia para o centro do Porto”, afirma Inês Santos Almeida, diretora geral da Time Out Market Porto, citada
em comunicado.O projeto arquitetônico, projetado pelo portuense e pritzker Eduardo Souto Moura, ocupa uma área de cerca de dois mil metros quadrados onde funcionarão 16 espaços: 12 restaurantes, dois bares e uma torre com duas unidades com vista privilegiada sobre a cidade.
A torre de ferro e vidro de 21 metros — considerada “intrusiva” pela UNESCO — é inspirada nos reservatórios de água elevados que existiam ao lado das estações ferroviárias.
Em informações enviadas à Lusa, a Time Out afirma que o dia exato será anunciado em breve, assim como os restantes nomes que estarão presentes na ala sul da centenária Estação de S. Bento.
Adiado
A abertura do Time Out Market estava prevista para novembro ou dezembro de 2023; no entanto, acabou sendo adiada. Na época, o escritório de comunicação da Time Out justificou o adiamento com base no tamanho do projeto em questão
.O projeto Time Out Market para a ala sul da Estação de São Bento, cujas obras avançaram em março de 2023, envolveu um investimento de cerca de 7,5 milhões de euros e a recuperação do edifício existente, anteriormente usado como área de apoio para a estação, bem como do espaço exterior.
Construída junto ao edifício principal, a torre de 21 metros, feita de ferro e vidro, é “a grande peça central e fundamental” do projeto que, respeitando o DNA do edifício, acaba por ser “uma renovação”, destacou em declarações à Lusa, em agosto de 2023, a vice-presidente para a Península Ibérica Ana Alcobia.
Na época, a responsável ainda afirmou que não temia o retorno da contestação em torno da construção da torre, demonstrando confiança de que a “instalação” de Souto Moura será entendida como “uma obra de arte”.
Quando foi anunciado em 2016, o projeto foi alvo de críticas, e seu promotor, em 2017, ano em que sua abertura estava prevista, decidiu suspender a avaliação do Pedido de Informação Prévia sobre o mercado que pretendiam instalar na Estação de S. Bento, após críticas do então vereador de Planejamento Urbano, Rui Losa, que chamou de “inqualificável” a proposta da Time Out para a estação, classificada como monumento nacional fiável”.
Polêmica
Envolto em polêmica desde então, o projeto foi aprovado, em maio de 2019, pela Direção-Geral do Patrimônio Cultural, apesar das críticas do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios — ICOMOS, órgão consultivo da UNESCO para o patrimônio,
que recomendou que o projeto não fosse aceito.Em uma primeira opinião, datada de 2 de abril de 2018, o ICOMOS argumentou que o projeto era um “exemplo de demolição excessiva” e não “levou em conta as recomendações internacionais sobre intervenção no patrimônio construído”.
Em relação à torre de 21 metros, eles consideraram que “não teria impacto visual no ambiente circundante”, já que “em sua altura máxima, não excede a altura da estação”, uma posição que mudaria após informações adicionais, recomendando sua redução.
Em janeiro de 2021, o projeto surgiu como uma das 14 obras ou projetos que colocam em risco o valor patrimonial do Centro Histórico do Porto, classificado como patrimônio mundial desde 1996, e incluído no mais recente Relatório Mundial sobre Monumentos e Sítios em Perigo.