Entre as medidas de contingência aplicadas pelo Governo para preservar ao máximo a água disponível no Algarve está a redução do consumo no setor urbano (15%) e na agricultura (25%), um setor que já defendeu uma flexibilização das restrições por considerar que o volume de água captado com as últimas chuvas permite essa revisão em abril.
“Desde o último dia 25 de março e como resultado das chuvas significativas registadas, particularmente no último fim de semana em Portugal continental, houve uma recuperação de cerca de 36 hm3 [hectómetros cúbicos] de armazenamento das principais reservas superficiais da região do Algarve, equivalente a 30% de satisfação das necessidades de abastecimento público, agricultura e turismo”, destacou a APA.
A mesma fonte apontou que as chuvas que caíram durante a semana da Páscoa deixaram as seis barragens no Algarve — Odelouca, Arade, Funcho e Bravura, na Barlaventa (oeste), e Beliche e Odeleite, no Sotovento (leste) — com “um volume de cerca de 195 hm3 (correspondente a 44% da capacidade total de armazenamento)”.
“Em comparação com o mesmo período de 2023, ainda existe um déficit de aproximadamente 2 hm3 de água armazenada”, destacou a APA, alertando que, “apesar da recuperação observada, a situação hidrológica na região do Algarve ainda persiste como a mais preocupante a nível nacional em termos de disponibilidade e também em seca hidrológica extrema”.
A APA anunciou que em abril realizará “a avaliação da situação hidrológica e respectivas projeções, para determinar a possibilidade de rever as condições vigentes na região”, mas sem deixar de “continuar a assegurar a todo o momento o armazenamento do volume necessário para um ano de abastecimento público nas diferentes origens naturais utilizadas”.
O órgão supervisionado pelo Ministério do Meio Ambiente também observou que, em nível nacional, as reservas estão em 89% de sua capacidade total e 56 dos 80 reservatórios sujeitos a monitoramento têm disponibilidade de água superior a 80% do volume total, enquanto quatro estão abaixo de 40%.
“Os armazenamentos de março de 2024 por bacia hidrográfica são superiores às médias de armazenamento de março (1990/91 a 2022/23), exceto nas bacias do Ave, Mira, Ribeiras do Algarve e Arade”, adianta ainda a APA.
O Algarve está em alerta devido à seca desde 5 de fevereiro, e o anterior Governo aprovou um conjunto de medidas para restringir o consumo, nomeadamente uma redução de 15% no setor urbano, incluindo o turismo, e uma redução de 25% na agricultura.
Além dessas medidas, existem outras, como o combate às perdas nas redes de abastecimento, o uso de água tratada para irrigar espaços verdes, ruas e campos de golfe ou a suspensão da concessão de títulos pelo uso de recursos hídricos.
Um dos setores mais afetados pelas restrições ao consumo é a agricultura e as autoridades de irrigação do Algarve já apelaram às entidades oficiais para aliviar as restrições impostas ao consumo na agricultura devido à seca após o nível dos reservatórios ter subido com as chuvas registradas na Páscoa.
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