Em declarações, o secretário-geral da
Federação Nacional dos Professores (Fenprof) criticou
os rankings das escolas que são realizados há 20 anos a partir de dados
solicitados ao Ministério da Educação sobre os resultados dos alunos nos exames
nacionais e notas internas, por “estarmos a comparar o incomparável”.
Em reação aos últimos rankings, divulgados no
dia 8 de julho com base nas informações referentes ao ano passado, Mário
Nogueira foi incisivo ao qualifica-los como “uma injustiça tremenda”, tendo em
conta a pandemia que o país atravessou.
“Estamos a sair de dois anos com confinamentos,
um ano em que se supunha que já era de recuperação, mas foi muito semelhante
aos anteriores”, recordou, questionando como se podem comparar desempenhos
entre escolas “se vivemos um período em que, reconhecidamente, se cavaram as
desigualdades”.
Desigualdade
De acordo com Mário Nogueira, a comparação é
injusta entre estabelecimentos de ensino públicos e privados pois estas têm
realidades distintas e alunos provenientes de contextos socioeconómicos por
vezes muito diferentes.
Pelo que “é de uma injustiça tremenda mesmo
entre escolas públicas compará-las e, sobretudo, a forma como são
apresentados”, disse em referência às classificações de melhores e piores
estabelecimentos de ensino, afirmando ainda que as listagens “acabam por criar
estigmas sobre determinadas escolas”. ´
Também João Dias da Silva, secretário-geral
da Federação Nacional da Educação (FNE), a outra principal estrutura sindical
que representa os professores, constata que os rankings não refletem o trabalho
das escolas e ignoram um conjunto de fatores determinantes no desempenho dos
alunos.
“Não sou capaz de colocar um ranking em que
ponho ao mesmo nível peras, maçãs e laranjas. São coisas diferentes, são
realidades diferentes que não permitem estabelecer uma hierarquia entre elas”,
afirmou, considerando que não constituem, sequer, um fator de melhoria da
qualidade das escolas.
Por outro lado, Mário Nogueira vai mais longe
e defende que estes dados parem de ser disponibilizados. Para o efeito, pede
coragem ao ministro João Costa, desafiando-o a deixar de fornecer aos órgãos de
comunicação as informações que dão origem aos rankings, reconhecendo, porém,
que possivelmente seria "devorado" por isso.
Notas mais baixas
Já quanto à descida das notas nos exames dos
alunos, especialmente nas disciplinas de Física e Química, em que a média ficou
abaixo dos 10 valores em 2021, Mário Nogueira considera estes resultados são
uma consequência da pandemia.
“Não podemos passar um ano todo a dizer que
há défices de aprendizagem, há desigualdades a dispararem e depois
surpreendermo-nos com as notas”, concluiu.