Em 2023, as empresas portuguesas estão a
planear aumentar, em média, 3,2% os seus orçamentos salariais. O valor é
superior ao crescimento médio de 3% dos orçamentos apresentados em 2022 e está
também acima dos 2,4% de inflação previstos para o próximo ano. O motivo
prende-se com a competitividade num mercado em que encontrar o melhor talento é
um desafio, avança o mais recente relatório “Salary Budget Planning”, da WTW.
“O clima económico desafiante e o avanço de
novas formas de trabalho estão a forçar as organizações a manterem-se atentas
aos orçamentos salariais. As que não o fizerem, não vão ser competitivas,
perderão os seus colaboradores e terão de lutar mais para os substituir. Num
ambiente tão dinâmico, é imperativo que as empresas tenham uma estratégia clara
de recompensas e entendam o que o mercado de trabalho e as suas pessoas
esperam”, disse Sandra Bento, associate director – rewards data intelligence da WTW
Portugal, em comunicado.
Perante o inquérito, cerca de um terço das
organizações inquiridas (36%) referiu que o orçamento salarial está neste
momento num nível mais avançado do que o previsto, afirmando também que prevê
aumentar a frequência com que procedem à revisão salarial. Mais concretamente,
destas 38%, 98% irão rever os salários duas vezes por ano.
Quanto aos motivos que levam os empregadores
a aumentar os salários, existem três motivos essenciais. 57% das empresas
revela preocupações sobre um mercado de trabalho cada vez mais restrito, 56% confirma ter receios sobre a
inflação e 43% procura corresponder às expectativas
e preocupações dos trabalhadores.
Dificuldade em recrutar
Este ano, 90% das empresas constatam que
estão a enfrentar sérias dificuldades em trair talento. Por sua vez, 84% estão
a ter dificuldade em reter os atuais trabalhadores.
As competências em TI e engenharia são
especialmente procuradas. Entre as empresas inquiridas, 82% afirmaram ter
problemas em preencher funções de TI e 79% sentiram dificuldades em manter os
atuais colaboradores desta área. Para funções de engenharia, 55% manifestaram
dificuldades no recrutamento e 46% tiveram problemas em reter os seus
colaboradores.
Para contrariar este fenómeno e aumentar a
atratividade, 65% das empresas aumentaram a flexibilidade no local de
trabalho, 60% estão a apostar na diversidade e inclusão e 40% oferecem
incentivos financeiros.
Perante o mercado de trabalho cada vez mais
exigente, especialmente em torno de certas competências-chave, significa que as
organizações precisam de ser muito mais criativas para enfrentar os desafios da
atração e retenção. “Não se trata apenas de remuneração. Os empregadores
precisam de entender a dinâmica da diversidade da sua força de trabalho e
proporcionar uma experiência de colaborador superior a todos”, explica Sandra
Bento.
O relatório “Salary Budget Planning”,
compilado pelo departamento de Reward Data Intelligence da WTW,
teve por base um inquérito realizado entre abril e maio de 2022, no qual 305
empresas de 168 países em todo o mundo foram inquiridas.