Segundo a Greensavers, esta ribeira, também conhecida como rio Vascão, nasce na serra do Caldeirão (entre o Alentejo e o Algarve), desagua no rio Guadiana e está incluída no relatório Rivers2Restore, publicado hoje pela ANP/WWF, em associação com a WWF, que inclui 11 projetos de recuperação de rios em Portugal, Áustria, Finlândia, Alemanha, Grécia, Itália, Letónia, Holanda, Roménia, Eslováquia e Espanha, contextualizou a associação ambientalista.

A intervenção proposta para estes rios europeus permite "reduzir o impacto da seca, beneficiando as pessoas e a biodiversidade", através de uma "ação imediata" da nascente à foz que permite a eliminação das barreiras existentes, "restaurando os rios da Europa" e "ajudando a cumprir os objectivos de recuperação da natureza recentemente acordados pela União Europeia (UE)", justificou a ANP/WWF em comunicado.

"Restaurar os rios, removendo barreiras e permitindo que o rio flua da nascente à foz, ajuda a limitar os desastres climáticos, como secas ou inundações", defendeu a associação.

Citada no comunicado, a Coordenadora da Água da associação, Maria João Costa, afirmou que "a bacia do Guadiana é uma das mais áridas e secas da Europa e alberga várias espécies ameaçadas de extinção cujos habitats precisam de ser recuperados".

"Restaurar os rios significa proteger a natureza, mas também as pessoas: rios saudáveis desempenham um papel vital na prevenção de secas, apoiam a biodiversidade e são também essenciais para garantir água de qualidade e abundante", afirmou a coordenadora.

O projeto previsto para o rio Vascão prevê a "eliminação de 17 barreiras fluviais obsoletas" ao longo de todo o seu percurso, especificou, sublinhando que a ausência de barreiras favorece "o funcionamento do ecossistema fluvial através da restauração da conetividade ecológica e do aumento da disponibilidade de habitats".

A remoção destes obstáculos vai permitir "melhorar as rotas de migração dos peixes", proporcionar "habitats para outras espécies, como a lontra europeia", e melhorar "a qualidade e disponibilidade da água", factores que, sublinhou, podem incentivar a criação de mais emprego e mais receitas turísticas.

A ANP/WWF recordou que a "Lei da Restauração da Natureza da UE, recentemente aprovada, exige que os Estados-Membros restaurem pelo menos 25.000 quilómetros de rios naturais na Europa até 2030" e apelou aos governos dos Estados-Membros para que incluam os projectos Rivers2Restore nos seus planos nacionais de restauração até 2030.

A associação ambientalista pediu ainda à Comissão Europeia que incentive os governos nacionais a dar "prioridade à recuperação dos rios, nomeadamente através da criação de um fundo de recuperação da natureza".

"Finalmente, é urgente fazer da resiliência climática e hídrica uma prioridade para o próximo mandato" da Comissão, considerou ainda a ANP/WWF.

A associação destacou que a implementação dos 11 projetos propostos para Portugal, Áustria, Finlândia, Alemanha, Grécia, Itália, Letónia, Holanda, Roménia, Eslováquia e Espanha permitirá alcançar "2.200 quilómetros de rios recuperados" e "quase 10% da meta da Estratégia de Biodiversidade da UE".