Foi um prazer falar com a artista britânica Fiona Whyte, que é a fundadora do Coletivo. O nosso Coletivo existe há pouco mais de quatro anos e foi no final da Covid que se formou o OtherWorlds. Com restrições, era limitado o número de pessoas que estavam juntas de cada vez e suponho que éramos muitos a procurar uma ligação humana".
Fiona explicou gentilmente: "Há dois anos que trabalhava sozinha, sem ter muito contacto com as pessoas, e tinha muita dificuldade em encontrar saídas artísticas no sítio onde vivo, por isso pensei que devia haver outras pessoas que, como eu, andavam à procura disso, por isso coloquei um anúncio nas redes sociais e juntei um grupo de pessoas. Uma das coisas que fazemos é organizar exposições e mostrar o nosso trabalho a uma comunidade maior e também incentivar outros artistas ou conversas sobre arte."
Exposição "Garden Party
Este grupo diversificado está a realizar uma Exposição Garden Party para o público, que terá lugar no dia 28 de setembro, das 11h00 às 18h00, no Lugar da Pedra Alta, na Aldeia de Melo, em Gouveia.
Desfrute de uma tarde agradável e descontraída neste belo e antigo solar com 12 hectares de terreno e aprecie os vários suportes artísticos, desde a cerâmica ao feltro, passando pela fotografia e pelas artes plásticas, onde encontrará trabalhos realistas e abstractos que respondem à temática dos jardins. Haverá música, comes e bebes e alguns workshops brilhantes dos artistas, prometendo um dia encantador para todos. Os interessados em participar devem informar o The OtherWorlds Collective através do seu sítio Web ou das redes sociais.
Os nove artistas principais que irão expor são Andy Manson, Camille Rosso, Debbie Manson, Deborah Osberg, Fiona Whyte, Jan Hannah e Linda Herrygers, bem como dois artistas fotógrafos convidados, Mālā Gibson e Julien Dumont, que trarão, cada um deles, algo único para a exposição Garden Party.
Andy Manson desenha e constrói instrumentos musicais de cordas há mais de cinquenta anos, Camille Rosso cria pinturas intuitivas e artes móveis, Debbie Manson cria belas peças de cerâmica, Deborah Osberg é uma artista autodidata que cria peças abstractas, Jan Hannah, nascida na Escócia, estudou ilustração e pintura em Aberdeen, Linda estudou fotografia e Fiona Whyte é uma fabricante profissional de feltro.
Fundadora do Coletivo OtherWorlds
Fiona vive na região centro de Portugal há 14 anos, mas há 9 anos o destino levou-a a uma fábrica de lã abandonada perto de Gouveia.
"Formei-me como artista em Brighton, no Reino Unido, especializei-me em cerâmica e escultura e, desde que vim para Portugal, não tive tempo nem oportunidade de fazer escultura como tal. Também sou escritora e tive a oportunidade, há alguns anos, de investigar a indústria têxtil em Portugal e fui a uma antiga fábrica de lã desactivada - infelizmente, as montanhas estão cheias delas - e vi todas aquelas fibras de lã a flutuar e isso tocou algo em mim", recorda Fiona.
E acrescentou: "Comecei a fazer cachecóis com estas fibras e depois apercebi-me de que o feltro podia ser manipulado de forma semelhante à argila, nas condições certas, com água e sabão e muita massa consistente e, por vezes, também com uma lixadeira. É possível criar formas tridimensionais fantásticas e foi assim que comecei a interessar-me por isso. Estou sempre fascinada por ver o que é possível fazer com alguns pedaços de lã de ovelha".
Atualmente, Fiona não vende nenhum dos seus trabalhos em Portugal, mas espera poder vendê-los num futuro próximo. No entanto, vende alguns dos seus trabalhos no Reino Unido, como cachecóis e artigos para a casa, como partilhou: "Trabalho para um grupo em que há muitas vezes um tema, mas eu adapto-o ao que quero fazer. Viajei um pouco durante o ano e fui à Islândia, pelo que as texturas daí provenientes estão a ser utilizadas no meu trabalho neste momento. Interessam-me as texturas, a paisagem e a forma humana".
Cena artística da Serra da Estrela
Falámos sobre a cena artística da Serra da Estrela, com Fiona a expressar que é uma comunidade mais rural do que o Algarve, explicando que não há tanto como ela esperava da cena artística.
"Existem comunidades artísticas fortes em Lisboa, Porto e Coimbra, mas tem sido muito difícil encontrar sítios para mostrar o nosso trabalho na Serra da Estrela. "Individualmente, achámos a cena artística impenetrável (talvez dificultada pelo facto de sermos imigrantes), juntos somos mais fortes e criamos oportunidades para mostrar o nosso trabalho."
Concluindo: "No entanto, devo dizer que existe uma organização artística em Seia e o número de exposições tem aumentado ao longo dos anos. Gostaria de pensar que o nosso contributo ajudou, introduzimos alguns trabalhos bastante ousados e diferentes meios."
Para mais informações, visite https://otherworldscollective.weebly.com/ ou encontre-os no Instagram @other.worlds.artistscollective ou no Facebook: These Hands Made It | Facebook
Following undertaking her university degree in English with American Literature in the UK, Cristina da Costa Brookes moved back to Portugal to pursue a career in Journalism, where she has worked at The Portugal News for 3 years. Cristina’s passion lies with Arts & Culture as well as sharing all important community-related news.