Uma infância complicada

Foi na infância que Carey focou maior parte da sua autobiografia, com maior destaque para a sua vida enquanto criança mestiça, pai negro e mãe branca, durante os anos 70, quando nasceu. O casamento atribulado dos pais, que resultou em divórcio, os namorados da mãe e até a complicada relação com os irmãos, segundo Mariah Carey, criou vários traumas na sua mente, que ainda hoje a consomem.

Apesar da infância atribulada, a cantora demonstrou que sempre teve a música do seu lado e que era o seu escudo protetor para qualquer situação negativa que pudesse surgir na sua vida. Queimada com água quente pela irmã, impossibilitada de protagonizar musicais por ter um pai negro e até mesmo ter sido quase vendida para uma rede de prostituição aos 12 anos, pela própria irmã, foi mais tarde, aos 18 anos que conseguiu mudar de vida, em Nova Iorque e concretizar o sonho de ser cantora.

As primeiras notas musicais


Desde muito nova que Mariah Carey escreve as suas próprias canções e sempre teve apoio na parte da composição. Em Nova Iorque começou a gravar, em cassete, uma demo, que mais tarde viria a ser o seu primeiro álbum. Vocalista de apoio de Brenda K. Star, Carey já mostrava ser um talento como não existia igual. Assim, Brenda tomou a liberdade de entregar a demo de Mariah a Tommy Mottola, diretor da Sony, que mais tarde assinou um contrato com Mariah Carey e assim, aos 20 anos, a cantora estabeleceu-se na indústria musical.

A Songbird Supreme veio mais tarde a casar com Tommy Mottola, num casamento que referiu como tóxico. Mariah Carey era obrigada a andar na rua com seguranças e, apesar de ter sido construído um estúdio na sua gigantesca mansão, os seguranças tinham de estar presentes nas sessões de gravação, acima de tudo porque Mariah Carey trabalhava, maioritariamente, com jovens negros, o que não agradava Tommy Mottola.

O mundo a ruir

Um casamento atribulado e a necessidade de sair da Sony não agradou Tommy Mottola. Entre 1997 e 1998, o casal divorciou-se e Mariah continou a sua carreira noutra editora e até deu os primeiros passos enquanto atriz. Apesar de vários momentos de sabotagem e de um esgotamento em 2001, Carey conseguiu mais tarde refazer a sua vida, apesar de várias complicações que quase acabaram com a sua carreira, devido ao seu álbum “Glitter”, banda sonora do filme com o mesmo nome.

O padrão de vendas de Mariah Carey era elevado, o que deixou de acontecer após vários momentos complicados, só tendo voltado a acontecer mais tarde em 2005, quando lançou o álbum “The Emancipation of Mimi”.

Momento de emancipação

Foi com o álbum que inclui o single “We Belong Together” que Mariah Carey conseguiu reestabelecer o seu valor na indústria musical, numa época que explica que apenas lhe trouxe bons momentos, tanto em estúdio, como a nível pessoal. Esteve durante uns tempo conectada à igreja e acabou por trazer a sua fé para as músicas do álbum, que foi um sucesso.

A cantora fala dos filhos, de outras relações e de como agora se sente feliz, com a vida que conseguiu estabelecer e o ponto em que está a sua carreira, aquela que sempre sonhou.

Apreciação


São 341 páginas de uma história que pode e deve ser lida por fãs e não fãs. É conhecida a conceção que o público tem de Mariah Carey, a diva pop que pode por vezes ser rude. Lendo a história percebe-se que Carey é muito mais que isso.

Uma autobiografia bem desenvolvida, com nuances na escrita que nos levam a perceber os sentimentos da cantora em determinadas situações. A história merece ser lida com toda a atenção, com a garantia de que em determinados momentos será chocante perceber que Mariah Carey nem sempre teve uma vida de rainha, como demonstra atualmente.

Todos os momentos são acompanhados de citações de músicas originais de Mariah Carey, uma forma de demonstrar também que todas as letras que compõe são fruto de determinado momento da sua vida. Para quem conhece bem a discografia da cantora, é uma ferramenta bem conseguida, pois alimenta o gosto por determinada canção.

A escrita é simples e bem conseguida, percetível a qualquer leitor, apesar de uma vez por outra, Mariah Carey utilizar algumas das suas palavras mais eruditas, que já são conhecidas das suas canções.

As autobiografias são sempre importantes, ajudam-nos a conhecer as pessoas, o The Meaning of Mariah Carey não será diferente e é claramente um livro que se sugere a quem quer conhecer um pouco mais de Mariah Carey, uma cantora que ainda hoje inspira as novas gerações.



Author

Deeply in love with music and with a guilty pleasure in criminal cases, Bruno G. Santos decided to study Journalism and Communication, hoping to combine both passions into writing. The journalist is also a passionate traveller who likes to write about other cultures and discover the various hidden gems from Portugal and the world. Press card: 8463. 

Bruno G. Santos