Por proposta do Bloco de Esquerda, votada por pontos - todos aprovados -, a assembleia decidiu "que o Governo se empenhe no cumprimento das propostas aprovadas" pela Câmara Municipal de Lisboa a 31 de maio deste ano, nomeadamente "não aumentar o número de movimentos horários no Aeroporto Humberto Delgado; estudar a retirada gradual do aeroporto de Lisboa, de forma a salvaguardar a saúde pública e a segurança das pessoas que vivem e trabalham em Lisboa e nos concelhos limítrofes; e introduzir medidas compensatórias para as zonas envolventes do aeroporto que cubram integralmente os custos de insonorização das habitações".
Este ponto foi possível com os votos contra do PSD, IL, PPM, CDS-PP, Chega e da deputada não registada Margarida Penedo (que abandonou o CDS-PP), e a abstenção do MPT.
"Que o Governo proceda à avaliação de impacto ambiental de qualquer projeto de aumento do número de movimentos por hora no Aeroporto Humberto Delgado" foi outro dos pontos aprovados, com os votos contra de PSD, IL, PPM, CDS-PP e Margarida Penedo, e a abstenção do PCP.
A moção do BE sugere ainda que o Governo revogue a Portaria n.º 303-A/2004, que permite, entre as 00:00 e as 06:00, um máximo de 91 movimentos por semana, mas nunca superior a 26 movimentos por dia, bem como quaisquer derrogações da mesma Portaria; e que defenda a proibição de aterragem e descolagem de aeronaves civis entre as 00:00 e as 06:00, exceto por motivos de força maior.
Os deputados municipais pretendem ainda que o Governo estude, através do Ministério da Saúde, os impactos na saúde pública do aeroporto de Lisboa; que adopte medidas de fiscalidade ambiental que imputem à indústria aeronáutica os custos ambientais e de saúde que provocam; e que crie um fundo financiado pela ANA - Aeroportos de Portugal que financie, em articulação com o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e as câmaras municipais de Lisboa, Loures e Almada, a promoção de melhorias nas condições de vida das comunidades envolventes ao Aeroporto Humberto Delgado.
A Assembleia aprovou ainda uma moção do PEV, por ocasião do 45º aniversário do SNS, apelando ao Governo para que assegure o investimento necessário à proteção da saúde de toda a população.
Em meados de maio, o Governo aprovou a construção de um novo aeroporto na região de Lisboa, no Campo de Tiro de Alcochete, seguindo a recomendação da Comissão Técnica Independente (CTI).
Na escolha da localização do novo aeroporto, o Governo propôs a ampliação do Humberto Delgado, aumentando os actuais 38 movimentos por hora para 45 movimentos.
O Campo de Tiro da Força Aérea, também conhecido por Campo de Tiro de Alcochete (devido à sua proximidade com este centro urbano), localiza-se maioritariamente na freguesia de Samora Correia, no concelho de Benavente (distrito de Santarém), com uma pequena parte também na freguesia de Canha, no concelho do Montijo (distrito de Setúbal).