A coordenadora do Grupo de Produtores Pecuários do Norte Alentejo — Natur-al-Carnes, Maria Vacas de Carvalho, explicou à agência Lusa que o mercado está “mais estável” por causa das exportações, destacando ainda que cordeiros com uma média de 30 quilos de peso vivo estão sendo vendidos “entre 3,50 e 3,55 euros por quilo”.
O grupo com cerca de 400 acionistas, tem um aumento nos preços “de cerca de 20%”, em comparação com o ano anterior.
Maria Vacas de Carvalho destacou ainda que os produtores estão enfrentando um “ano excepcionalmente bom” em termos de pastagens, algo que não ocorreu em 2023 devido à seca.
O presidente da Associação de Jovens Agricultores do Sul (AJASUL) e agricultor, Diogo Vasconcelos, disse à Lusa que na região de Évora, os cordeiros estão a ser vendidos por valores idênticos ou até “ligeiramente superiores” aos mencionados pelo representante da Natur-a.
O responsável, que também destaca a importância das exportações de cordeiro, principalmente para Israel, também indica que neste momento “há muito consumo interno” devido às tradições relacionadas com a Páscoa.
Diogo Vasconcelos também destaca que neste momento os preços praticados são “muito competitivos”, pois é o ano “mais benéfico” para os agricultores que não precisam suplementar os animais, como fizeram em 2023, por causa da seca.
“Há pastagem e os animais não precisam ser suplementados, o que é vantajoso, mas não é possível compensar as perdas que sofremos com a seca [em 2023], é preciso tempo para se recuperar”, disse.
No distrito de Beja, a procura por cordeiros “continua a subir” e os preços de venda também registaram “um ligeiro aumento” em relação ao ano anterior, confirmou à Lusa Branco António Lopes, presidente do conselho de administração do grupo produtor pecuário Carnes do Campo, com sede em Castro Verde.
“Para animais com peso de 25 a 30 quilos, o preço médio varia entre 100 e 120 euros”, revelou, confirmando que, além das exportações, especialmente para Israel, as vendas de cordeiros para o mercado nacional também aumentaram.
Segundo António Lopes, “no ano passado houve uma importação muito grande de cordeiro, pois os preços eram diferentes e os grandes supermercados optaram por comprar cordeiro importado”.
“Mas, este ano, eles optaram por usar cordeiro nacional e não importar quase nada. Mais da metade da produção de cordeiro pode ficar aqui [em Portugal]”, acrescentou
.A seca registada nos últimos anos afetou as explorações agrícolas da região, mas 2024 tem sido “excelente em pastagens, que não são conhecidas há muito tempo”, o que beneficia a produção, reconheceu António Lopes.
“É difícil curar a 'ferida' que sobrou do ano passado, mas pelo menos este ano já é um alívio e há outras perspectivas para o futuro”, concluiu.
Em Campo Branco, região que abrange os municípios alentejanos de Castro Verde e Almodôvar e parte de Aljustrel, Mértola e Ourique, cerca de 15.000 ovinos são vendidos todos os anos, através do grupo de produtores pecuários.