Maria da Graça Carvalho falava aos jornalistas à margem da cerimónia de inauguração da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Lagos, um dos eventos programados para o Algarve ontem, como parte do Dia do Ambiente, para destacar a importância da água e para a economia da região.

“A água é uma prioridade para o nosso Governo e a água no Algarve é ainda uma prioridade maior, se assim posso dizer porque é a região do país com mais problemas de escassez de água, não é mais uma seca, tornou-se permanente e, portanto, já vivemos em uma época de escassez e temos que agir”, afirmou o ministro.

Maria Graça Carvalho especificou que a forma de ação já foi definida e consiste em um “conjunto de medidas que inclui campanhas de economia de água, a reutilização de água [tratada], principalmente para campos de golfe, irrigação, lavagem e ter projetos para reduzir as perdas porque ainda há perdas na distribuição de água em muitos municípios do Algarve”.

O governante salientou que também é necessário “tornar as infraestruturas existentes resilientes” e construir novas, quando tudo o que já foi feito não é suficiente, como é o caso do Algarve.

“Temos financiamento para tudo isso no PRR [Plano de Recuperação e Resiliência], no Fundo Ambiental e, do Turismo, já temos 260 milhões de euros. O maior pedaço é o PRR, cerca de 240 milhões de euros, que ainda mal está implementado, em 5%, e é preciso avançar mais rápido e executar essas infraestruturas”, considerou.

Graça Carvalho frisou que há financiamento garantido para a ligação entre o oeste e o leste do Algarve, para a captação de água do Guadiana do Pomarão até a barragem de Odeleite, e para a central de dessalinização que ficará localizada em Albufeira.

“É necessário executar isso rapidamente porque o PRR termina em 2026, e então o primeiro-ministro anunciou no dia 22 um conjunto de novos investimentos, no valor de 103 milhões, e além dos que já tínhamos disponíveis, temos esses, que são muito necessários para executar”, destacou.

O ministro do Ambiente salientou que, neste momento, a tarefa mais importante é “fazer com que este equipamento funcione o mais rápido possível, porque este conjunto de obras fornecerá ao Algarve 76 hectómetros cúbicos de água por ano”.

Este valor “corresponde a um ano de consumo urbano no Algarve”, destacou o governante, argumentando que “esta oportunidade não pode ser desperdiçada”, porque a partir de 2026 “não será mais possível usar” o financiamento.

“Portanto, agora é hora de usar esse financiamento para que a resiliência hídrica no Algarve, se não aumentarmos o consumo, seja resolvida”, acrescentou.

Graça Carvalho disse que o Governo revogaria a resolução de fevereiro que decretou cortes no consumo de água na região do Algarve e prepararia uma nova resolução, que “está praticamente pronta” e deve ser levada ao Conselho de Ministros na próxima semana.

O ministro começou por participar na inauguração da renovação da ETAR de Lagos, um investimento de 17 milhões de euros, e depois encerrou a conferência “Resiliência Hídrica no Algarve — o nosso propósito comum”. O programa terminou com uma reunião com o prefeito de Faro, Rogério Bacalhau

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Em 5 de fevereiro, o governo de António Costa declarou uma situação de alerta na região devido à seca, mas no final de maio, o atual primeiro-ministro, Luís Montenegro, anunciou a flexibilização das restrições impostas à agricultura e ao setor urbano, que inclui o turismo.

Com a revogação da resolução do Governo anterior, o novo executivo atualizou as restrições impostas ao consumo de água, que passaram de 25% para 13% na agricultura e de 15% para 10% no setor urbano, no entanto, ainda se aguarda a aprovação de uma nova resolução em Conselho de Ministros.