2024 parecia ser um ano calmo no que diz respeito aos incêndios florestais em território português, no entanto, foi durante o mês de setembro que a realidade mudou. Do Centro ao Norte de Portugal deflagraram mais de 50 incêndios, ameaçando casas e animais, para além de todo o território florestal da zona.
Os distritos de Aveiro e Viseu foram os mais afectados em Portugal, com grandes incêndios em Albergaria-a-Velha e Sever do Vouga, bem como em Castro Daire, em Viseu, que mobilizaram milhares de bombeiros para o combate às chamas. No entanto, os distritos de Coimbra, Porto e Vila Real também foram afectados. Para ajudar as corporações portuguesas, foram concedidas ajudas externas por Espanha e Marrocos, e ainda um apoio extra da União Europeia.
Foi no dia 20 de setembro que todos os incêndios cessaram e, segundo a Rádio Renascença, arderam quase 150 mil hectares na floresta portuguesa, dos quais 10 mil da área ardida se situam no concelho de Aveiro. De acordo com as pessoas no terreno, as condições climatéricas não ajudaram na luta para combater as chamas. As temperaturas elevadas, acima dos 30ºC, e o vento forte, permitiram que as chamas se propagassem rapidamente, dificultando o trabalho dos bombeiros e dos habitantes locais para travar o fogo, que já estava a cercar casas.
Dezenas de casas ficaram destruídas, houve registo de nove mortos e mais de uma centena de feridos. Das mortes registadas, três faziam parte de uma corporação de bombeiros. Sónia Cláudia Melo e Susana Cristina Carvalho, ambas bombeiras, iam de carro para Vila Nova de Oliveirinha, no distrito de Coimbra, ficaram presas no meio das chamas e não conseguiram escapar ao calor e às chamas. João Manuel Silva era um bombeiro de 60 anos que morreu no combate ao incêndio em Albergaria-a-Velha. Na mesma localidade, um trabalhador morreu nas chamas quando tentava recuperar material da empresa para a qual trabalhava. O emigrante brasileiro, Carlos Eduardo, tinha 28 anos e estava a viver em Portugal há cinco anos. A identidade das outras vítimas não foi revelada.
O que é que provocou os incêndios?
Os incêndios florestais estão incluídos na lista de catástrofes naturais; no entanto, as autoridades portuguesas identificaram mais de 20 pessoas por fogo posto em florestas. Durante os incêndios mais recentes, a Polícia Judiciária deteve sete suspeitos de terem incendiado a floresta. Um homem de 55 anos, em Cacia, Aveiro, foi detido por fogo posto, sendo um suspeito já identificado pelos mesmos crimes no passado. Em Santo Tirso, um homem de 50 anos foi acusado de provocar um incêndio na região, embora o suspeito tenha alegado que estava a queimar lixo, sem intenção de provocar um incêndio florestal. Em Pombal, Leiria, foi também identificado um homem de 75 anos, que alegou estar apenas a queimar sobrantes agrícolas. Em Alvaiázere, uma mulher de 33 anos foi considerada suspeita de ter ateado incêndios nos dias 13 e 16 de setembro, enquanto em Sebal e Condeixa-a-Nova, uma mulher de 47 anos é suspeita de ter provocado quatro incêndios diferentes nos dias 12 e 13 de setembro, e 15 e 16 de setembro. O presidente da Junta de Freguesia de Campo, em Valongo, distrito do Porto, foi também detido, juntamente com três funcionários, por ter ateado um incêndio na região.
Perante os suspeitos, o Primeiro-Ministro português, Luís Montenegro, afirmou que o Governo fará com que os criminosos paguem pelos seus crimes e confirmou que será prestada ajuda às pessoas que perderam as suas casas e terrenos.
Deeply in love with music and with a guilty pleasure in criminal cases, Bruno G. Santos decided to study Journalism and Communication, hoping to combine both passions into writing. The journalist is also a passionate traveller who likes to write about other cultures and discover the various hidden gems from Portugal and the world. Press card: 8463.